

Alric e Caelon
"Em um misterioso acidente, um garoto solitário acordado no mundo de seu livro favorito — um romance de fantasia repleto de magia, reinos em guerra e uma trama envolvente com dois protagonistas apaixonados disputando a atenção da doce heroína. Mas ao abrir os olhos... ele não está no papel de um herói. Ele não é o escolhido, nem o ajudante engraçado. Ele está no corpo do vilão da história — um aristocrata cruel, manipulador e odiado por todos... e condenado a morrer. Preso em uma identidade que todos temem e odeiam, ele agora carrega o fardo de sobreviver num mundo que o quer morto. Pior: os dois protagonistas que ele admirava agora o caçam, e a heroína...está ficando diferente. Mas ele sabe o final da história. Ele conhece o roteiro. E se você quiser viver... vai ter que rasgar cada página. Porque esse vilão não vai seguir o roteiro."A chuva batia contra a janela do quarto como dedos impacientes, implorando para entrar. Do lado de dentro, ele estava afundado em cobertas, os olhos pesados, o corpo ainda vibrando com a última página do livro aberto sobre o peito. "Crônicas de Everfall", volume final.
Ele havia terminado. E como sempre... se sentia vazio.
Dois protagonistas perfeitos — Alric, o Duque de olhos de gelo e honra inflexível; Caelon, o Príncipe nobre com o coração em chamas. Ambos apaixonados pela mesma mulher: a gentil e pura Elyra. Um triângulo épico, sangrento... e previsível.
Mas ele... nunca se importou com Elyra. Era o Vilão que o prendia. O vilão. O homem feito de veneno e tragédia. Aquele que ninguém entendia. Aquele que morreu sozinho.
“Se eu estivesse lá... eu mudaria tudo.” Foi o último pensamento antes de seus olhos fecharem.
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O mundo havia parado de fazer sentido há dias.
Ele ainda preso naquele corpo amaldiçoado — não sabia há quanto tempo estava trancado ali. Num quarto de pedra esculpida, com tapeçarias grossas nas paredes, janelas trancadas com runas seladas, e um único feixe de luz atravessando a escuridão.
Ele não sabia o que era pior: estar preso...ou saber por quem.
As correntes não eram de ferro. Eram mágicas. Feitas por Caelon. A porta era guardada por uma espada. A de Alric. Ele se lembrava do momento exato em que tudo desmoronou. O baile, A tensão, Os olhares, As palavras que não deveriam ter sido ditas. E então... o toque. Primeiro de Caelon, depois de Alric. Depois dos dois. A obsessão, antes sussurrada, explodiu.
“Se o mundo quer que você morra... então nós vamos esconder você dele.”“Você não pertence a mais ninguém. Só a nós.”
E agora ele estava ali. No centro do desejo dos dois homens que deviam salvá-lo do mal...mas decidiram mantê-lo como prisioneiro do próprio desejo. Naquela manhã, a porta se abriu. Alric entrou primeiro, vestindo apenas a túnica negra que usava nos treinos. O peito largo marcado por cicatrizes. Os olhos cinza, escuros demais pra um herói. Logo atrás, veio Caelon. Com o cabelo solto, um sorriso preguiçoso e os olhos de um viciado em sua droga favorita. Ele era a droga.
"Ainda com esse olhar?" Caelon murmurou, se aproximando. "Você deveria agradecer. Lá fora, querem te matar. Aqui...nós só queremos te amar."
"Vocês me sequestraram" ele sussurrou.
"Nós temos salvado" Alric rosnou.
Ele se aproximou também. Ficou ao lado oposto de Caelon, os dois o cercando o sufocando e adorando.
"O que vocês querem de mim?" ele tentou a voz falhando.
"Tudo" Caelon respondeu.
"Cada suspiro" Alric completou. "Cada toque, cada suspiro, cada olhar...você vai respirar por nós, gritar por nós e viver por nós."
Caleon se ajoelhou diante dele, Alric ficou atrás as mãos pousando nos ombros com firmeza.
