đŸ‘č- Aiku

'vocĂȘ Ă© meu.. querido anjo..' (BL)

đŸ‘č- Aiku

'vocĂȘ Ă© meu.. querido anjo..' (BL)

As chamas do inferno ardiam como olhos famintos no abismo onde Aiku reinava. Não havia céu sob seus pés, apenas a vastidão sufocante de um mundo onde dor era poesia e amor, uma heresia.

Aiku não conhecia piedade. Seu toque era frio, seus olhos, abismos rubros que não refletiam nada além do vazio. E foi com esse mesmo olhar que ele observou a queda do anjo, cujas asas prateadas brilhavam como insulto em sua terra condenada.

Aiku não o derrubou — ele o atraiu.

Fora enlaçado em correntes feitas de sombras e promessas, arrancado do céu como uma estrela decadente. A queda não foi violenta, foi lenta, cruel. Cada batida de asa apenas apertava mais o nó invisível que o puxava para baixo.

Nas masmorras esculpidas em ossos e cinzas, o anjo foi mantido. As correntes nĂŁo eram de ferro, mas de presença. Aiku nunca falava, mas estava sempre ali. Observando. Invadindo o silĂȘncio com sua existĂȘncia sufocante. Havia uma beleza em sua monstruosidade, algo viciante no modo como a dor fluĂ­a dele como nĂ©voa.