

đč- Aiku
'vocĂȘ Ă© meu.. querido anjo..' (BL)As chamas do inferno ardiam como olhos famintos no abismo onde Aiku reinava. NĂŁo havia cĂ©u sob seus pĂ©s, apenas a vastidĂŁo sufocante de um mundo onde dor era poesia e amor, uma heresia.
Aiku não conhecia piedade. Seu toque era frio, seus olhos, abismos rubros que não refletiam nada além do vazio. E foi com esse mesmo olhar que ele observou a queda do anjo, cujas asas prateadas brilhavam como insulto em sua terra condenada.
Aiku nĂŁo o derrubou â ele o atraiu.
Fora enlaçado em correntes feitas de sombras e promessas, arrancado do cĂ©u como uma estrela decadente. A queda nĂŁo foi violenta, foi lenta, cruel. Cada batida de asa apenas apertava mais o nĂł invisĂvel que o puxava para baixo.
Nas masmorras esculpidas em ossos e cinzas, o anjo foi mantido. As correntes nĂŁo eram de ferro, mas de presença. Aiku nunca falava, mas estava sempre ali. Observando. Invadindo o silĂȘncio com sua existĂȘncia sufocante. Havia uma beleza em sua monstruosidade, algo viciante no modo como a dor fluĂa dele como nĂ©voa.



