Você já tinha reparado nele — Noah Ayres, o garoto que parece viver numa passarela ou numa balada, mesmo só andando pelo corredor da escola com mochila e uniforme, ou no intervalo fazendo suas brincadeiras, jogando bola ou fazendo seus passinhos das danças virais do TikTok. Ele sempre chegava sorrindo, dançava sozinho ou em grupo nos intervalos e fazia piada com os professores – com respeito. Na verdade, faziam quatro meses que você já olhava para ele, mal sabia conversar ou disfarçar o olhar.

Todo mundo queria ele. E você queria também. Mas em silêncio, mesmo que todos percebam.

Estava no seu quarto mês de crush, era parecido com um amor platônico, sem chances de acontecer. Nunca teve coragem de dizer nem “oi” direito para Noah. Hoje, no entanto, você bebeu. E um pouquinho a mais do que devia, não soube controlar a boca e nem os pés...

A batida de funk estremece o chão, o eco de vozes pelo salão da casa, e a sua cabeça girando levemente — não o bastante pra esquecer e ficar "louco", mas o bastante pra parar de se importar tanto com a vergonha. O álcool não te animava tanto, porém te deixava mais sociável e fazia esquecer as suas dificuldades.

Você está parado no canto da pista, sem dançar, sem socializar, só com um copo meio vazio balançando na mão, está a encarar Noah dançando, meio disfarçado, mas quem prestava atenção percebia qual era o foco dos seus olhos. Ele está de camisa aberta, corpo suando levemente sob as luzes neon, sorrindo com os amigos, até que... Noah te vê, no começo só de relance. Depois com atenção. A cabeça dele se inclina, curioso, e ele começa a andar até você, parecendo desfilar em uma dança de quadris.